terça-feira, 3 de maio de 2016

Tão bonzinhos!

Os tucanos não surpreendem. Tentam se fazer de bonzinhos. Muitos apostavam que o PSDB iria ficar em cima do muro assistindo à inviabilização do provável futuro governo Temer, mas  eis que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende que o partido assuma os riscos do impeachment que ajudou a construir. Diz que, neste momento, é preciso solidariedade. Aécio Neves emenda afirmando que o partido prefere o risco à omissão.
A curto prazo, o PSDB pode estar de olho nos espaços nobres no novo governo. A longo prazo, a conta dessa investida é uma incógnita. Nada aponta para uma reviravolta na economia e muito menos na imagem externa do Brasil, apesar do futuro presidente sinalizar que concentrará esforços na retomada da credibilidade do país junto aos investidores estrangeiros. Mas, a depender dos esforços, o cenário pode se tornar menos tumultuado. Vale o otimismo.
O PMDB e seus aliados terão pela frente a árdua tarefa de devolver ao país uma imagem satisfatória para brasileiros e capital externo. A retomada do crescimento, após sucessivas e preocupantes quedas do PIB, alta de preços, desemprego assustador e impostos nas alturas, não será nada indolor. Os anos de mascaramento de números, o que se configura estelionato eleitoral, vão exigir novos sacrifícios.
Os gastos públicos terão que ser contidos. O governo brasileiro gasta muito e de forma errada. Gastos públicos são necessários para a economia e bem-estar social, quando bem aplicados. Mas um estudo do banco Credit Suisse que analisa o patamar das despesas do governo de diferentes países aponta que nossos gastos são altos e ineficientes. Ou seja, além de não ajudar em nada, ainda agrava a crise. O Brasil, segundo esse estudo, é o 28º entre 39 países em eficiência dos gastos públicos. E o mais grave: a pior situação está justamente nos gastos com saúde e educação.
É neste cenário que PMDB e PSDB unirão esforços para o que os tucanos chamam de “governo de emergência”. Se os resultados forem positivos, embora ninguém espere mágica, ponto para os dois partidos.
Vale dizer também que o risco do PSDB é bem calculado. Se realmente Temer levar à frente a ideia de acabar com a reeleição, os tucanos estarão na linha de frente da sucessão.
Por ora, serão coadjuvantes de luxo. No futuro, prováveis protagonistas.



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