Os tucanos não surpreendem. Tentam se fazer de bonzinhos.
Muitos apostavam que o PSDB iria ficar em cima do muro assistindo à
inviabilização do provável futuro governo Temer, mas eis que o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso defende que o partido assuma os riscos do impeachment que ajudou a
construir. Diz que, neste momento, é preciso solidariedade. Aécio Neves emenda
afirmando que o partido prefere o risco à omissão.
A curto prazo, o PSDB pode estar de olho nos espaços nobres
no novo governo. A longo prazo, a conta dessa investida é uma incógnita. Nada
aponta para uma reviravolta na economia e muito menos na imagem externa do
Brasil, apesar do futuro presidente sinalizar que concentrará esforços na
retomada da credibilidade do país junto aos investidores estrangeiros. Mas, a
depender dos esforços, o cenário pode se tornar menos tumultuado. Vale o
otimismo.
O PMDB e seus aliados terão pela frente a árdua tarefa de
devolver ao país uma imagem satisfatória para brasileiros e capital externo. A
retomada do crescimento, após sucessivas e preocupantes quedas do PIB, alta de
preços, desemprego assustador e impostos nas alturas, não será nada indolor. Os
anos de mascaramento de números, o que se configura estelionato eleitoral, vão
exigir novos sacrifícios.
Os gastos públicos terão que ser contidos. O governo
brasileiro gasta muito e de forma errada. Gastos públicos são necessários para
a economia e bem-estar social, quando bem aplicados. Mas um estudo do banco
Credit Suisse que analisa o patamar das despesas do governo de diferentes
países aponta que nossos gastos são altos e ineficientes. Ou seja, além de não
ajudar em nada, ainda agrava a crise. O Brasil, segundo esse estudo, é o 28º
entre 39 países em eficiência dos gastos públicos. E o mais grave: a pior
situação está justamente nos gastos com saúde e educação.
É neste cenário que PMDB e PSDB unirão esforços para o que
os tucanos chamam de “governo de emergência”. Se os resultados forem positivos,
embora ninguém espere mágica, ponto para os dois partidos.
Vale dizer também que o risco do PSDB é bem calculado. Se
realmente Temer levar à frente a ideia de acabar com a reeleição, os tucanos
estarão na linha de frente da sucessão.
Por ora, serão coadjuvantes de luxo. No futuro, prováveis
protagonistas.
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