Sempre detestei o ato de cuspir.
Acho nojento. Homens que cospem enquanto caminham, cuspes de gente
gripada... é tedioso fazê-lo ou vê-lo fazer. Mas pior mesmo é assistir a
espetáculos grotescos de cusparadas em discussões políticas, seja nas casas
legislativas ou fora delas.
Assistimos, em curto espaço de tempo, ao surgimento dessa
nova dinâmica de debate (debate?) político. Começou com o deslumbrado deputado
federal Jean Willis, cuspindo na cara do repugnante Jair Bolsonaro. Acho que Bolsonaro
merecia uma camisa-de-força. A cusparada quase tornou-o a vítima de um histérico
parlamentar inconformado com a posição de extrema-direita do ex-militar
apoiador de torturadores da ditadura.
Alguém diga a Willis que democracia tem dessas coisas,
especialmente nas casas legislativas, onde o confronto de ideologias, ora
vejam, é o painel natural. Seu ato foi muito mais do que infantil, foi ridículo
e revelador de falta de educação doméstica e, principalmente, de argumentos
maduros e consistentes. Foi uma cena lamentável. Quanto ao Bolsonaro, há outras
formas de bani-lo da vida pública. Reações como essa só se transformam em
combustível para seus devaneios. É assim que funciona.
Vindo do Jean Willis, o gesto não me surpreendeu tanto. Mas
o que me chocou foi o ator global José de Abreu, em uma discussão com um casal
num restaurante, dar duas poderosas cusparadas como forma de calar o que ele e
todos os petistas classificam como “coxinhas” (pense num termo ridículo!). Foi
uma cena lamentável. E ele ainda achou que foi um gesto glorioso, digno de
aplauso.
Sei que é difícil defender o governo Dilma, Abreu,
compreendo o seu desespero, como mais adiante saberei compreender o desespero
de outras facções, digo, de outros times políticos. Mas o seu comportamento foi
horripilante. A partir de então, por mais competente como ator, jamais poderei
admirá-lo. Por trás do espetacular profissional, estará sempre um homem
desequilibrado, quase primitivo, sem argumentos, sem postura, sem sabedoria, de
quem jamais deveremos discordar se não quisermos ser inundados com sua saliva
poderosa.
Quando e como poderemos assistir a embates políticos não
necessariamente menos perturbadores, mas mais elegantes, que instigam a discussão
filosófica, estimulam a revisão de conceitos e contribuem para um debate
enriquecedor?
Pelo visto...
4 comentários:
Como pode um representar o povo ? E o outro representar para o povo ? Cena deprimente de ambos,pior foi a globo ainda dá espaço para o Zé representar e políticas. Atitudes como essa triste de se ver.
A realidade que você deseja na conclusão, vai depender da politização da maioria dos eleitores que escolhem nossos representantes. E também, quando surgirem como candidatos a cargos eletivos, pessoas íntegras,preparadas filosófica e socialmente, que queiram assumir publicamente o compromisso de
sujeitos da História.
Coisa boa, Gisa, você ter reativado o seu blog! Precisamos de profissionais inteligentes no mercado.
Melhor guardar a saliva para um bom debate... Parabéns pelo blog! Adorei !
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