sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Transição, verdades e mentiras

O governador José Maranhão tomou, finalmente, uma decisão prudente: reconheceu a derrota, coisa que ele não fazia há muito tempo. Agora, resta completar esse ato de lucidez permitindo uma transição tranquila, sem escaramuças. Para isso, os dois lados precisam ter bom senso, para que não se repitam os percalços que houve na época em que Ricardo sucedeu Cícero Lucena na prefeitura.

Ricardo é um tanto impaciente, Maranhão é um tanto turrão. Ambos terão que esfriar os ânimos e partir para uma transição verdadeiramente transparente, como o vice-governador Luciano Cartaxo já se dispõe a patrocinar.

Do lado de Ricardo, a dúvida é: será que Maranhão vai mesmo abrir o jogo sobre a situação do Estado? Ou a caixa-preta só vai ser descoberta mesmo após primeiro de janeiro?

Particularmente, não acho que Maranhão vá colocar na mesa a situação real, já que o Estado parece mesmo quebrado, a julgar pelas entrelinhas das declarações do secretário de Finanças, Marcus Ubiratan, sobre as dificuldades que poderá enfrentar para pagar o décimo-terceiro salário. De qualquer forma, tudo pode ser feito para que seja um processo com um mínimo de decência.

A crise é real. Por mais que se tente dar um polimento à situação, durante a transição, há muitos segredos encobertos.

Quando o governador José Maranhão era confrontado, nos debates das Tvs, sobre como conseguiria pagar a PEC-300, ele dizia: “Muito simples”. E continuava a conversa de “miolo de pote” afirmando que o crescimento econômico da Paraíba seria tanto que a arrecadação aumentaria a ponto de dar folga suficiente para esse aumento, que só passou a existir no segundo turno. Ou seja, não havia previsão legal e nem o Estado suportaria tanto.

A verdade veio mais depressa do que imaginei. Nada era tão simples assim. O Estado não está bem – está bem pior, isso sim. As declarações de Ubiratan são um alerta. Não, não é uma espécie de castigo, não acredito que seja uma vingança pela derrota de Maranhão. Creio que não há mesmo dinheiro folgado e nunca houve esse desenvolvimento que se descreveu com tanto alarido durante a campanha. O Estado está inchado, a folha está abarrotada, o endividamento aumentou, não existe dinheiro para o básico e numa existiu para PEC-300! Só que ninguém imaginava que não desse nem para o 13º!

Nada - repito - é tão simples quanto queria fazer crer o governador durante os debates. Mas torçamos para que, desta vez, haja um processo de transição menos complicado.

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